Pais precisam se reciclar, para poder ensinar os filhos nos dias atuais.
NEM FAZ TANTO TEMPO...
Tente acreditar, faça um esforço. Não tão
antigamente as coisas eram bem definidas. Cada uma acontecia a seu tempo, bem
delineado e estabelecido. Um bom exemplo é o tempo, o clima. Outro é a
adolescência, que tinha começo, meio e fim. Acabava por volta dos 18 ou 19 anos,
algumas vezes antes, bem antes. As fases humanas eram infância, adolescência,
vida adulta – que podia ser adúltera ou não, e velhice, que começava por volta
dos 50 ou 55 anos. Um homem com 60 anos era, acredite, um velho que arrastava
os pés no chão e andava pela casa de pijamas listrados.
Mas as coisas mudam. Melhor dizendo, mudaram.
Mudaram tanto que tenho que me beliscar para ter certeza que não estou
sonhando. O homem se adapta a tudo, e eu tive que me adaptar à vida nova que se
descortinava. Eu e todo mundo. Quem não se adaptou, morreu ou ficou maluco.
Naqueles tempos, psiquiatra era para tratar
de doidos. Freud, o pai da psicanálise, usava a terapia para fazer sexo com
suas pacientes. Hoje isso constitui crime. Havia menos leis, que, no entanto,
eram mais respeitadas.
Você deve estar se perguntando o motivo de eu
estar enrolando para falar alguma coisa. É para que possa sentir o contexto em
que vivíamos.
Tudo bem, progresso é progresso. Não podemos
evita-lo. O que me preocupa não são as modernidades dos dias atuais. São as
‘fases humanas’, que foram alteradas.
Lembro que foi aos 13 anos que descobri que não fui trazido pela cegonha. Com 6 ou 7 anos, qualquer criança de hoje sabe que é fruto de uma relação sexual. A continuar assim, logo haverá, nas maternidades, berçários separados por sexo. Velho só é velho quando está com 75 anos. E nem todos – alguns envelhecem mais tarde ainda. Essa parte é a parte boa. Ninguém se queixa, não há reclamações. Então qual é o problema?
Problema é eufemismo. A desgraça é a
adolescência, que está começando aos 10 anos e só acaba... Aí está: não acaba!
E você sabe, caro leitor, que a desgraça de todos os pais e mães é ter filhos
adolescentes. É, digo, era uma fase que durava cerca de 6 anos, começava com
malcriações e acabava quando se instalava o terror da fase de autoafirmação, a
idade do “sei tudo”. Agora é diferente. Eles sequer aspiram morar sós. A
maioria usa mesmo o motel dos pais, que é ‘de graça’ e não dá trabalho.
Esses seres que parecem ter vindo de outro
planeta para nos infernizar, têm mais estudo do que tivemos e nem assim o juízo
dá o ar de sua graça. Para as mães – toda mãe sofre de idiotia aguda – é uma
alegria ter as crias sempre ao alcance das suas asas. Para os papais, significa
o sofrimento e a sensação de que somos fracassados. Não soubemos educar os
filhos para a vida, pensamos.
Não é nada disso. Eles tornaram-se, através
de poucas gerações, ineducáveis.
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