domingo, outubro 28, 2012

POBRES MÃES

Este é um exemplo de paradigma (decorado com mau gosto) que deve ser eliminado de nossas mentes. É por ser uma deslavada mentira. Como esse, existem centenas.
 
 
     AMOR DE MÃE
 
     A maternidade é um problema sério, que implica muito sofrimento e dor, quase nunca admitidos pelas mães. Pior, elas estão querendo se livrar desse sacrifício dividindo com os homens a tarefa de cuidar dos filhos. É uma boa ideia? Pode ser boa para elas, mas é inexequível. O reino animal nos mostra que a fêmea é quem cuida dos filhotes. Por quê? Pela natureza delas. Não devemos esquecer que homens são de Marte e mulheres são de Vênus. Salvo raras exceções, o amor das mães pelos seus filhos é irracional, impossível de ser compreendido, a não ser por outras mães. É mais injusto do que a justiça, e mais parcial do que se pode aceitar como razoável.
 
     Parece fácil entender, mas não é. O mundo evolui de forma desequilibrada; a ciência e a tecnologia são carros de fórmula1, enquanto nossa mente anda mais devagar, bem mais. Uma nova tecnologia chega todos os dias, fazendo o futuro ser passado muito depressa; uma nova ideia leva décadas (ou séculos) para ser aceita. Esse descompasso exige mudanças rápidas, que custamos ou não conseguimos aceitar.
 
     Parte da responsabilidade disso é das religiões, as grandes criadoras de tabus que tornam a nossa evolução mental muito lenta. O país mais evoluído tecnologicamente, os EUA, continuam com a mentalidade de centenas de anos atrás. Esqueçam Nova York, que não é americana, é uma cidade do mundo. Americanos são quase tão fanáticos religiosos quanto os muçulmanos – apenas ainda não adotaram o terrorismo como arma de convencimento.
 
     O esforço das mães para convencer a todos de que a maternidade trouxe-lhes a realização plena é uma mentira, um engodo. Elas mentem até mesmo para si próprias. A verdade é que ter filhos, é, da maneira como lidamos com isso, a decretação da infelicidade plena. Filhos acabam com o romance, com a alegria, com a qualidade de vida, com o amor (falo do amor homem/mulher) dos pais. Filhos acabam com os sonhos das pessoas, que perdem a identidade para viver uma nova vida, fora do que foi planejado antes do casamento. Como pode ser feliz alguém que, no auge da sua capacidade intelectual, está prisioneira de uma situação que lhe exige 90% do seu tempo?
 
     Não é fácil admitir que seja assim. Paradigmas religiosos impõem às mães e pais um silêncio desesperante. Uma atuação constante para mostrar o que não é verdade. E convencer é preciso. Primeiramente precisamos acreditar que, como disse sabiamente Gibran, “nossos filhos não são nossos filhos, são filhos da vida”. A tentativa de manter os filhos por perto na idade adulta cria conflitos para ambas as partes. Um exemplo é aquele costume odiento de almoçar com os pais nos fins de semana, um prazer que acaba se transformando em raiva e desconforto. Tudo é problema quando se trata das relações entre pais e filhos, especialmente o sentimento de culpa por não agir como nos cobra a sociedade.
 
     Para melhorar, precisaríamos desconstruir todos os paradigmas – uma tarefa cerebral complexa e demorada. Tão demorada que pode levar uma vida inteira para compreendermos que deveríamos ter agido diferente. Outra coisa que temos que resolver é o amor entre pais e filhos. Precisa deixar de ser obrigação. É comum filhos detestarem pais e vice versa. Incomum é aceitar essa realidade.   

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