segunda-feira, outubro 15, 2012

OS ARQUITETOS E SEU CARRASCO

Uma poltrona não é apenas uma poltrona. Por trás dela há um trabalho de design que a diferencia das outras. Sem falar que cada uma tem sua finalidade que não é apenas sentar.  Na arquitetura, um projeto pode significar a diferença entre um cômodo ser agradavelmente habitável ou não. Muitas vezes um projeto significa economia e funcionalidade para o cliente.



     SOBRE ARQUITETOS

 
     Sou leitor assíduo do Walcyr Carrasco, que escreve aos domingos uma crônica na revista Época. Leio por que gosto, mas isso não quer dizer que concorde com tudo o que ele diz. A começar pela foto do autor, no alto da página, em que aparece com um sorriso aparvalhado, próprio de bibas velhotas.
     O referido senhor não entende de arquitetura nem de arquitetos, e fala muita bobagem sobre os profissionais da área. Para começar, ele mostrou ser preconceituoso, comportamento que homossexuais deveriam evitar. Ele admite que “pegou cisma com arquitetos” e gaba-se de ter demitido o último. Também reconhece que reformar imóveis tem sido uma constante em sua vida, o que pode indicar que ele é um arquiteto frustrado.
     Pra começo de conversa, quando você contrata um profissional deveria fazer um contrato especificando o que deseja e até onde pode ir, determinando valores e prazos, e quem faz o que. Se o arquiteto vai ter que sair para escolher os móveis – coisa que demanda tempo -, é justo que ele cobre pelo serviço, direta ou indiretamente.
     Outro detalhe é que você não sabe o que é conflito de interesses, Walcyr. Nem todas as lojas pagam comissão aos arquitetos. É comum que grupos de lojas se unam e contem pontos por mercadorias adquiridas em algumas delas; nesses casos, premiam os arquitetos que fizeram mais pontos com prêmios como viagens, computadores, essas coisas. O mesmo expediente é utilizado por laboratórios farmacêuticos que oferecem ‘prêmios’ aos médicos que receitam seus produtos, óticas que pagam comissões a médicos que indicam suas lojas – geralmente alegando que só confiam nessas.
     Um arquiteto pode, constando no contrato, desenhar um móvel a ser feito numa marcenaria. Nesse caso, há dois caminhos: ou você escolhe o seu marceneiro e se vira com ele, ou pede ao arquiteto para tratar do assunto. É claro que cada opção escolhida tem seu custo. Se o arquiteto contratado tiver que acompanhar a qualidade e o prazo da ‘obra’, pode até (não é sempre) sair um pouco mais caro, mas toda a responsabilidade cai sobre os ombros dele. Você não se aborrece nem perde tempo.
     Chamar de propina é pegar pesado, senhor Walcyr. O senhor parece mesmo um carrasco que quer executar alguém. Pior é o mercado em que o senhor atua, quando a ‘propina’ não é dinheiro, mas propina moral. Quando for falar mal de um arquiteto, pense duas vezes antes.   

Nenhum comentário:

Postar um comentário