sábado, outubro 27, 2012

A VIDA CONTINUA SENDO O QUE SEMPRE FOI

TODO MUNDO TRAI, ASSIM COMO TODO MUNDO SABE OU DESCONFIA QUE É TRAÍDO.



     O SER HUMANO NÃO TEM JEITO

    
     Jorge Amado foi um gênio. De todas as novelas que assisti (não tenho a intenção de ver mais nenhuma), a melhor foi Gabriela, na primeira versão. Esta segunda foi muito boa, mas passou num horário difícil e foi muito resumida. Ela retrata ‘a vida como ela foi’ nas décadas de 1930 a 1950. O que mais impressiona é que muitas coisas pouco ou nada mudaram. Uma delas é que o mal continua sendo mais praticado que o bem.

 
     Mundinho Falcão, o moço bonzinho e bem intencionado que combateu os coronéis e ajudava a todos que a ele recorriam, mudou completamente depois de assumir o poder. Aliou-se a antigos desafetos e aceitou a colaboração deles - assim como Lula recorre a Collor, Sarney, Maluf, Renan e muitos outros. Até sua expressão facial mudou. Numa das últimas cenas, ao receber os cumprimentos das pessoas, lembrou Dom Corleone quando recebia a fidelidade de quem se apresentava com submissão.

 
     Não devemos duvidar que muitos políticos da atualidade estão realmente bem intencionados enquanto candidatos. No fundo, tudo gira em torno de interesses. Pitágoras falou que “O interesse fala em todos os idiomas e desempenha toda espécie de papéis, até o do desinteresse”.  É comum que quem alcança o poder se vire contra quem os ajudou, que se tornem criminosos quando eleitos ou nomeados. O poder desperta a ganância e corrompe seus ideais. Uma boa analogia é perguntar a quem joga na loteria: todos dizem que vão fazer caridade e ajudar os parentes e amigos. Quem fala assim é porque está tentando enganar a Deus, causando uma boa impressão. Pena que Deus não exista. A diferença entre um político honesto e um corrupto é apenas questão de tempo.


     Outra coisa que fica demonstrado é que as convenções sociais sempre impediram a felicidade das pessoas, e continuam impedindo. Tentar transformar alguém é o mesmo que alimentar um traidor. O turco Nacib foi uma vítima da sociedade; livre, Gabriela não teria sido infiel.    

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