O SER HUMANO NÃO TEM JEITO
Jorge Amado foi um gênio. De todas as
novelas que assisti (não tenho a intenção de ver mais nenhuma), a melhor foi
Gabriela, na primeira versão. Esta segunda foi muito boa, mas passou num
horário difícil e foi muito resumida. Ela retrata ‘a vida como ela foi’ nas
décadas de 1930 a 1950. O que mais impressiona é que muitas coisas pouco ou
nada mudaram. Uma delas é que o mal continua sendo mais praticado que o bem.
Mundinho Falcão, o moço bonzinho e bem
intencionado que combateu os coronéis e ajudava a todos que a ele recorriam,
mudou completamente depois de assumir o poder. Aliou-se a antigos desafetos e
aceitou a colaboração deles - assim como Lula recorre a Collor, Sarney, Maluf,
Renan e muitos outros. Até sua expressão facial mudou. Numa das últimas cenas,
ao receber os cumprimentos das pessoas, lembrou Dom Corleone quando recebia a
fidelidade de quem se apresentava com submissão.
Não devemos duvidar que muitos políticos
da atualidade estão realmente bem intencionados enquanto candidatos. No fundo,
tudo gira em torno de interesses. Pitágoras falou que “O interesse fala em
todos os idiomas e desempenha toda espécie de papéis, até o do desinteresse”. É comum que quem alcança o poder se vire
contra quem os ajudou, que se tornem criminosos quando eleitos ou nomeados. O
poder desperta a ganância e corrompe seus ideais. Uma boa analogia é perguntar
a quem joga na loteria: todos dizem que vão fazer caridade e ajudar os parentes
e amigos. Quem fala assim é porque está tentando enganar a Deus, causando uma
boa impressão. Pena que Deus não exista. A diferença entre um político honesto
e um corrupto é apenas questão de tempo.
Outra coisa que fica demonstrado é que as
convenções sociais sempre impediram a felicidade das pessoas, e continuam
impedindo. Tentar transformar alguém é o mesmo que alimentar um traidor. O
turco Nacib foi uma vítima da sociedade; livre, Gabriela não teria sido infiel.
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