Minha memória anda falhando. Deve ser por
culpa do excesso de informações que recebo diariamente. Minhas lembranças são
de que a ‘revolução’ militar de 1964, que destituiu o presidente João Goulart,
foi incentivada pelo poder civil. Entre os conspiradores, estavam, entre
outros, o governador de Minas Gerais Magalhães Pinto, Carlos Lacerda, do Rio de
Janeiro, e Adhemar de Barros, que governava São Paulo – os três mais
importantes estados brasileiros.
Desse modo, podemos considerar que não foi
uma revolta militar, mas uma conspiração civil, que se utilizou dos militares
para concretizar suas ambições. Instalado um novo governo, verificou-se que
todos os civis que fomentaram o levante eram suspeitos de corrupção. Daí que
uma coisa puxa outra, e foi tudo pro beleléu. Infelizmente, por mais bem
intencionados que fossem os líderes militares, eles não foram educados para
governar e meteram os pés pelas mãos.
Lembro bem que, apesar de muito jovem,
ficava revoltado com as oportunidades que os novos governantes perdiam para “consertar”
o país corrompido. Também me recordo que foi uma época de paz e tranqüilidade para
quem queria viver em paz e com tranqüilidade. Quem trabalhava ganhava dinheiro
e quem saía de casa, voltava em segurança.
Outra coisa que me vem à lembrança é que
ficaram apenas dois partidos. A Arena, governista, e o MDB, oposição. Nossa
cultura sempre foi multipartidária, e foi difícil assimilar essa brusca redução.
No MDB ficavam todos os que se sentiam prejudicados pelo governo. Na Arena,
acomodaram-se os beneficiados pelo novo sistema. Ideologia não contava, do
mesmo modo que não conta hoje.
Em 2012 continuo não me metendo em política,
e muito menos com políticos. Continuo sendo contra qualquer regime de exceção,
mas, que tenho saudade da vida do pós-64, isso eu tenho, e não vou mentir. Sou
um Capeta ‘politicamente incorreto’.
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