BULLYING
A IMPORTÂNCIA DO NOME
Dar nome a algo ou alguém é mais importante do que se pensa. O nome nos
posiciona na direção certa, e nossa mente muda de estratégia de acordo com a
identificação que fazemos. Os arquivos de nomes que guardamos no cérebro logo
encontram as referências – positivas ou negativas – que determinam nosso estado
de alerta.
Daí que se estamos indo em direção a uma ‘favela’ (que é muito diferente
de comunidade), ficamos tensos e nossa mente avisa dos perigos que poderemos ou
não correr. A palavra ‘blitz’ também causa preocupação: serão policiais de
verdade ou bandidos uniformizados? Isso todo mundo já sabe, mas como reagiremos
ao que não tem nome? Nesses casos, ficamos totalmente indefesos e sem noção do
que nos espera. Nosso cérebro não produz um comportamento adequado para o que
vem pela frente.
OS INDIFERENTES I
O que fazer com coisas e ocorrências que ninguém se lembrou de dar um
nome ou apelido? Nada, ou quase nada. Não podemos nos prevenir contra o
desconhecido. Uma ventania não nos dá muita noção do que vem por aí, ao passo
que um ‘tornado’, significa que corremos risco de perder a vida, e precisamos
nos proteger, obedecendo regras planejadas, arquivadas no cérebro, para
minimizar a catástrofe.
Recentemente os homens batizaram de ‘bullying’ um tipo de perseguição
que pode ocorrer em qualquer lugar e com qualquer pessoa – mas que é mais danoso
quando perpetrado contra crianças em idade escolar, ante o olhar negligente de
quem deveria tomar uma atitude. Se você pensou no corpo docente – e indiferente
- das escolas, pensou certo.
OS INDIFERENTES II
E os pais, o que fazem? Na maioria das vezes nada. Nada ocorre na presença
deles, e quase nunca estão alertas o suficiente para perceber que algo não vai
bem. Mas o que causa tanta desatenção dos pais e professores? Estes – como um
juiz de futebol que apita um jogo difícil e quer mais é que termine a partida
enquanto não há mortos nem feridos -, esperam ansiosamente o fim das aulas com
a “certeza” do dever cumprido. De resto, não vêem, não ouvem e não sabem de
nada. Os pais, que sempre usam a mesma desculpa do “eu não sabia” (parecem até
alguém conhecido), nem percebem que são responsáveis pelo sofrimento dos filhos,
por total omissão.
CULPADOS
Mas qual é a culpa dos pais, se eles não estão presentes quando o bullying
ocorre, e o filho nada conta? Se o filho não conta que está sofrendo, é porque
não confia nos pais, cuja obrigação é protegê-los. Mas não confia por quê? Uma
criança não se ‘fecha’ de forma planejada. Ou ela sente apoio ou não sente. Há
pais que reagem de forma negativa ante uma tímida queixa de um filho, e ainda
respondem que é mentira ou exagero. Afinal, os professores estão na escola para
ver tudo o que acontece de bom ou de ruim. Ledo engano.
Conheci um pai que, ao ver o filho chorando por ter apanhado na escola,
falou-lhe com rispidez: “Se voltares da escola chorando novamente, vais apanhar
aqui em casa. Tens que reagir como homem; bateu em você, revide; se ele for
maior, jogue uma pedra nele”. Como esse, existe uma infinidade de pais e mães
que ensina errado, dão maus exemplos, e morrem sem entender o motivo de ter um
filho desajustado.
TODOS SÃO NOCIVOS, MAS...
O pior tipo de bullying é o bullying moral, que obriga a vítima a viver
na defensiva, destruindo o amor próprio, a auto-estima da criança - certamente
impedindo que ela tenha uma vida escolar normal. O bullying que humilha é a
morte da perspectiva de uma criança.
Antigamente, quando essa monstruosidade não tinha nome, ninguém pensava
em evitar e muito menos combater. Após ter sido batizado, passamos a reconhecer
um problema que sempre existiu; sem o ‘nome’, não era levado a sério. Observe
que até pessoas que andam e falam não têm sua existência reconhecida sem uma
certidão passada em cartório. Assim como certas doenças têm variantes – tipo hepatite
A,B ou C -, o bullying também é um “vírus” que sofreu mutações e hoje é
bastante diversificado.
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