Filosofar sobre a justiça não é tão difícil. Até uma criança como o Calvin sente os problemas e consegue argumentar com propriedade e sensatez.
OS
CONFLITOS INDÍGENAS
Tentei entender quais os problemas das
terras reclamadas pelos índios, e recorrer ao bom senso de uma solução
negociada – que jamais será justa para qualquer dos lados. A bem da verdade,
tanto os silvícolas quanto os fazendeiros estão cobertos de razões.
Inúmeras decisões foram tomadas ao longo de
pelo menos 200 anos, que fica impossível saber quem nasceu primeiro, o ovo ou a
galinha. Governos fizeram besteiras e ultrapassaram os limites geográficos de
cada estado, atitudes que não se sabe se foram tomadas por ignorância ou má-fé.
Venderam terras ao ‘homem branco’ que não podiam ter sido vendidas. Mas se você
compra uma terra do próprio governo, que lhe confere uma escritura real e
verdadeira (deveríamos poder confiar nos governos), trabalha essa terra por
décadas, investe e produz (ou não), como fica se essa posse legítima é
questionada?
Nada é tão simples. Os índios ocupavam o
país desde o tempo em que não era um país. Viveram, sabe-se lá quanto tempo,
usufruindo das riquezas da nossa flora e fauna, dos nossos rios costas, até a
chegada dos brancos. Sua cultura não era voltada para a produção. Comiam,
vestiam e construíam suas casas com o que a natureza fornecia, gratuitamente.
Responda honestamente: Poderemos, para
fazer justiça, retroceder no tempo tanto assim? É certo que não. Então... Só
nos resta decidir por uma solução – por decreto – que atenda, dentro do
possível, as razões de cada um. Falei ‘por decreto’ por entender que nenhuma
corte de justiça pode chegar a uma decisão que agrade os litigantes. De quem
será o direito de viver e ocupar o Brasil? Fora tudo isso, ainda cabe mencionar
os cartórios, cuja atuação desonesta adiou a solução de algumas contendas.
Uma questão que vai ter que ser enfrentada
é que essa decisão não poderá ser política, no sentido de o governo escolher as
decisões que mais lhe garantirão votos.
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