Catherine Deneuve, no filme A Bela da Tarde, em que só tinha atração por homens feios e, de preferência, com algum defeito físico. Ela era lindíssima e casada com um homem de beleza rara, mas que não a atraía. Dá para perceber na foto que um dos seus amantes não era propiamente um Adônis.
CONCEITO DE BELEZA
É puramente individual – cada um tem o seu
modo de ver a beleza. Mas isso é apenas meia-verdade, como todas as verdades.
Não esqueçamos que as crianças pequenas também têm gosto próprio, se bem que
isso seja discutível. O mais comum é que elas tenham preferência pelos
brinquedos das outras crianças, por os perceberem mais bonitos. Eu chamaria
(não esqueçam que sou psicólogo amador) o fenômeno de ‘influências sensoriais
externas’.
As pessoas ‘pensam’ que entendem de
propaganda. Ledo engano. É a propaganda que nos entende. Os bons publicitários
sabem como pensamos, e o que é preciso fazer para nos convencer. Você pode
perguntar: “Convencer, tudo bem, mas fazer com que achemos bonito o que antes
para nós era feio?”. Pois é, eles (os publicitários) são especialistas que
fizeram curso superior para aprender a nos confundir, mudar nossos hábitos, e
até mesmo a nossa concepção do que é belo.
Há anúncios que você detesta, acha-os
chatos e repetitivos. Mas a ‘marca’ fica fixada na sua mente, de modo que, sem
perceber, quando a vir, você só lembrará que ‘é uma marca famosa e, portanto,
boa. Uma propaganda de medicamento que jamais esquecerei (eu devia ter entre 14
e 16 anos de idade) é do Neuratol – um medicamento que precedeu o ‘Viagra’ cujo
reclame dizia: “Dá aos velhos o vigor da juventude, e aos moços a incomparável
alegria de viver”. Saía nas rádios, e lançou um calendário – em preto e branco
– com doze mulheres completamente nuas, uma para cada mês. Para mim, o
importante eram as mulheres, utilizadas para praticar onanismo. Cheguei a usar
vários meses em um só dia.
Ninguém gosta ou quer admitir que é
influenciável, mas é. Todos somos, bem mais do que pensamos. Outro dia fiz um
teste difícil, que serviu para comprovar, mesmo que apenas para mim, meu
raciocínio correto.
Olhava uma esferográfica que ganhei de
brinde e decidi testar minha imaginação; inventei que ela pertencia a uma
famosa marca, tipo Cartier ou outra qualquer. Concentrei-me e acabei
“acreditando que era legítima” e custava caríssimo. Lentamente iniciou na minha
mente o processo de ‘canonização’ da caneta plebeia; comecei a ver a beleza
onde antes não via. Eu tinha conseguido influenciar a mim mesmo e julgar ver a
beleza onde antes não existia.
Conclusão: por trás de toda beleza, há
sempre algo que nos motiva sem que percebamos. Se você é mais ‘antigo’, como
eu, tente lembrar do filme francês “A bela da tarde”. Ficará mais fácil
entender o que nos atrai.
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