Há quem acredite que um casamento só pode dar certo se, no decorrer dele, houver sinceridade quase absoluta. Esse 'quase' fica por conta da minha crença que nada é absoluto, muito menos a sinceridade. Muitas pessoas enganam a si mesmas, por motivos diversos. Uns acreditam que repetindo a mesma 'lorota' centenas de vezes, ela passa a ser verdade; outros preferem a verdade, crentes de que existe apenas 'uma verdade' - todo mundo sabe que cada um tem a sua verdade, ou seja, acreditam no que lhes é favorável.
Seja como for, há mil maneiras de narrar um acontecimento (que muitas vezes nem aconteceu), e outras mil de contestá-lo, desde que seja do nosso interesse.
Dividir o espaço com outra pessoa é terreno fértil o bastante para que a mentira prospere, cresça. Parecer o que não somos ou demonstrar o que não sentimos requer treinamento e paciência. Uma 'história' inventada em cima da hora suscita dúvidas e desconfianças, por não ter sido estudada o suficiente para afigurar-se verossímil.
O Capeta não crê em união baseada na verdade. Temos que agir como os políticos, que dizem ao povo o que ele quer ouvir. Assim devem funcionar os cônjuges. A verdade dói em quem a escuta. As pessoas pedem a verdade, mas a verdade é que preferem, no íntimo, ser enganadas. Por qual razão direi a um amigo que ele é um idiota, se sei que essa atitude vai, no mínimo, magoá-lo? Dizer para sua companheira que uma amiga do casal é mais bonita do que ela é um erro fatal - mesmo nos casos em que ela saiba disso. Quem mente, tem que ser criativo, mas sem exageros.
Uma receita que funciona a maioria das vezes é misturar verdade com mentira. Isso passa credibilidade. No entanto, falha quando seu parceiro é muito inteligente e bem informado. Ah, e quando sua (falo da dele, do mentiroso) inteligência deixa a desejar.
No casamento, o receio de desagradar é o que mais pauta nossas mentiras. A transa é onde mais se mente. Especialmente as mulheres. O motivo disso? A burrice (ou excessiva vaidade) dos homens. Não culpo nenhuma mulher que finge gozar. Eles são os únicos culpados. O pior nisso tudo, é que raramente é possível descobrir esse tipo de enganação.
Não é à toa que os swingers convictos e de 'cabeça' feita são mais alegres e vivem melhor que os casais 'certinhos'. Não que eles não mintam, mas mentem menos.
Eu não receio estar enganado ao afirmar que o ser humano (os outros animais também) não vive sem a mentira. Ela é mais necessária à nossa sobrevivência do que a alimentação.
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