O ARMÁRIO
Antigamente, era apenas o que
deveria ser: uma peça do mobiliário que servia para guardar roupas. Depois, passou a ser
utilizado como esconderijo de amantes, quando o outro cônjuge voltava para casa
mais cedo. Mas o homem é um eterno insatisfeito e criativo. Daí que outro uso
foi descoberto ou inventado para o grandalhão: nele, alguns passaram a guardar
as próprias personalidades, aquelas que preferiam esconder de todos. Quando
alguém decide mostrar a todos o que realmente é, diz-se que fulano “saiu do
armário”.
Há estudiosos que se dedicam
a estudar adivinhação através do armário alheio. Tipo ‘você é o que você
veste’. Prevejo para breve que os psicólogos, quando surge uma vítima, digo, um
cliente novo, depois da primeira consulta farão uma visita surpresa ao próprio,
dizendo: “Vim conhecer o seu armário”. Há quem assegure que após minuciosa
busca por objetos que informam, o terapeuta vai saber mais sobre seu paciente
do que em dois anos de consultas semanais.
Nas páginas de moda de uma
revista que não é de moda, há uma reportagem semanal que se chama “Entrando no
armário de...”, onde suas peças, íntimas ou não, são expostas para todos os
leitores. Mesmo que nem todos que leiam o texto sejam psicólogos, dá para o
leigo perceber se algo de estranho acontece no armário de tal figura pública.
Assim fui apresentado às
roupas da Mart’Nália. Como a primeira coisa que vi foi a enorme foto da
artista, não a reconheci de pronto e acreditei estar vendo um desses jogadores
de futebol. Peço perdão, mas realmente, pela foto, não dá para saber que era de
uma mulher. Adora usar roupas de grife, tipo Armani, Prada, Calvin Klein, mas,
como diz, é ‘bem básica’. Como roupa de baixo, ela não usa calcinha, feito toda
mulher; prefere as cuecas masculinas. Comprou em Londres duas calças iguais,
modelo “hoje vou à guerra”. Das peças
que a revista mostrou, o pijama foi a única com estampa feminina – ou gay.
Ela admite ser ‘macumbeira’,
a adoradora de São Jorge, aquele que matava dragão. Ela devia ter mais cuidado,
pois o santo pode se enganar e... Xapralá. Existe gosto pra tudo, e gosto não
se discute. Só deixo claro que se eu acordasse ao lado dessa jovem, morreria de
susto. Uma mulher, com os recursos que a medicina tem hoje, e com o dinheiro
que ela possui, poderia, se quisesse, fazer uma recauchutagem e virar uma
beldade. Tá bom, tá bom, não vamos exagerar, mas poderia ficar mais
palatável.
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