terça-feira, maio 29, 2012

SER OU NÃO SER...


  A PAZ DE SER ATEU



   Quando era criança, lá pelos 11 ou 12 anos, lembro perfeitamente que dizia a todos que "não acreditava em Deus". O horror das pessoas era tão evidente, que hoje me pergunto se entendiam que eu não acreditava "na existência" de Deus. Acho que pensavam que eu chamava Deus de mentiroso. Nessa época, perguntavam: "tu és ateu?", da mesma forma que hoje perguntam se o cara tem AIDS. Ou se ele matou a mãe. Uma expressão esquisita, que misturava desprezo, raiva, deboche, incredulidade e surpresa, ficava estampada no rosto das pessoas – sentimentos típicos da 'piedade cristã'.
   As convicções de um pré-adolescente não são muito firmes. Assim, acabei "tentando acreditar" que Deus existia – apesar de não conseguir compreender como Ele poderia ser considerado “bem intencionado”, tendo criado um mundo assim, tipo o nosso.
   Os anos foram passando, e eu era um "meio cristão", não acreditava muito em Cristo, e me esforçava para aceitar 'um ser superior' que estava em toda parte decidindo tudo. Duvidei de tanto poder, e passei a achar que se havia um criador, ele não interferia em nada: criou e morreu, provavelmente de vergonha.
   É verdade que quase toda a humanidade crê (?) em algum deus. Mas, por que eles estariam certos? Uma frase do Nelson Rodrigues pipocava na minha cabeça: "Toda unanimidade é burra". E é. A unanimidade é a negação do raciocínio individual, da vontade própria. Um dos defeitos do ser humano é que ele não tem facilidade para voltar atrás. Existe uma espécie de vergonha por 'termos sido' algo e mudarmos de idéia quanto a isso ou aquilo. Assim, uma vez católico...  
   Hoje sou um ateu assumido e convicto, vivo em paz. Observo que algumas pessoas têm uma espécie de "pena" de mim. Mas o inverso é mais verdadeiro: EU tenho pena delas porque permanecem na obscuridade, acreditando no inacreditável e tentando ‘parecer’ bons enquanto cometem atrocidades e ignomínias.

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