quarta-feira, maio 09, 2012


SER MÃE É PADECER...


Esse é mais um ditado popular bobo. Mães e pais sofrem sempre, por melhores que sejam os filhos. E quanto a ser no paraíso... O que é paraíso? No caso das mães, seria ter que repetir todos os dias coisas tipo ‘Vai tomar banho!’, ‘Já escovou os dentes?’, ‘Acorda Joãozinho, que está na hora de ir para a escola!’, ‘Se você não obedecer, vou contar pro seu pai!’, e assim por diante? Só essas frases, repetidas diariamente durante uns dez anos, significam quase três mil e setecentas vezes cada uma. Mas ser mãe é ter que repetir muitas outras frases durante muito mais tempo. É como ser artista de teatro, que repete o mesmo texto todos os dias. Mas quem não sabe que toda mãe é uma artista? Bom, pelo menos elas representam todo o tempo. E são loroteiras. Para quem elas mentem? Para todo mundo.


Pros filhos, a cada pergunta difícil que elas não sabem como explicar. Aí começam a inventar que a ‘cegonha’ é quem traz o bebê, que é preciso casar para poder ter filhos, e é tanta mentira que este espaço não daria para repetir todas; pras amigas e conhecidas, as mentiras são do tipo ‘Meu filho é maravilhoso!, só um pouquinho levado’, ou ‘Ele não me dá problema, graças a Deus’; Pros candidatos a genro, ela conta que a filha ‘fez esse bolo sozinha’, e “ela quase não namorou, você é um rapaz de sorte”. Acredite, ela nunca vai contar que, quando a mocinha dá uma topada, a palavra mais suave que ela fala é ‘merda’. Ele “precisa” saber que ela nunca chamou um nome feio, fora ‘Ermengarda’, que era o nome de uma antiga babá. Mas o que elas mais escondem é o verdadeiro temperamento da cria, que é apresentada como “uma moça suave, paciente, que adora crianças, tem o maior respeito pelos pais, e é a bondade materializada”.


Mas toda mãe sofre. Começa a sofrer quando percebe, pela primeira vez, que seu rebento mentiu. É talvez a primeira crise séria da maternidade. A decepção a faz chorar ou, no mínimo, ficar preocupadíssima. Com quem ele teria aprendido a mentir? Certamente são as más companhias, os coleguinhas do jardim de infância, aqueles ‘viciados’ em goma-de-mascar. “Aqui em casa é que não foi!” – afirmam categóricas. “Eu sempre ensinei que devemos dizer a verdade!”. O pior de tudo é que elas acreditam no que dizem. Longe de mim afirmar que ‘todas’ as mães são mentirosas. Melhor dizendo, que são as únicas a mentir. Os papais também são danadinhos. Não vou falar sobre eles porque estou falando sobre as mamães. Este espaço é todo dedicado a elas.


As mães são tão sábias que, antes mesmo do fim da adolescência da menina, logo começa um trabalho de pesquisa sobre os rapazes. Elas querem ‘conduzir’ a filha para um bom casamento - aquele que garante um futuro financeiramente tranqüilo, mesmo com a separação que possivelmente ocorrerá algum tempo depois, por que... Sei lá por que, mas é assim que tudo acontece, nas melhores famílias. Dou razão para elas. Mãe sabe das coisas.

Com os filhos homens, a atitude é outra. Elas detestam quando alguma ‘sirigaita’ se assanha para o inocente rapaz. Afinal, ele foi educado para ser um ‘galinha’, e não para casar com uma. Elas sabem quando soltar, e quando puxar a corda. Acho que todas têm um pouco de inveja das mães muçulmanas. Estas, juntamente com os familiares, escolhem quem casa com quem. Existe felicidade maior? Não para uma autêntica mãe. Só se ela (a mãe) for made in Paraguay.

  

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