SER MÃE É PADECER...
Esse é mais um ditado popular bobo. Mães
e pais sofrem sempre, por melhores que sejam os filhos. E quanto a ser no
paraíso... O que é paraíso? No caso das mães, seria ter que repetir todos os
dias coisas tipo ‘Vai tomar banho!’, ‘Já escovou os dentes?’, ‘Acorda
Joãozinho, que está na hora de ir para a escola!’, ‘Se você não obedecer, vou
contar pro seu pai!’, e assim por diante? Só essas frases, repetidas
diariamente durante uns dez anos, significam quase três mil e setecentas vezes cada
uma. Mas ser mãe é ter que repetir muitas outras frases durante muito mais
tempo. É como ser artista de teatro, que repete o mesmo texto todos os dias.
Mas quem não sabe que toda mãe é uma artista? Bom, pelo menos elas representam
todo o tempo. E são loroteiras. Para quem elas mentem? Para todo mundo.
Pros filhos, a cada pergunta difícil que
elas não sabem como explicar. Aí começam a inventar que a ‘cegonha’ é quem traz
o bebê, que é preciso casar para poder ter filhos, e é tanta mentira que este
espaço não daria para repetir todas; pras amigas e conhecidas, as mentiras são
do tipo ‘Meu filho é maravilhoso!, só um pouquinho levado’, ou ‘Ele não me dá
problema, graças a Deus’; Pros candidatos a genro, ela conta que a filha ‘fez
esse bolo sozinha’, e “ela quase não namorou, você é um rapaz de sorte”.
Acredite, ela nunca vai contar que, quando a mocinha dá uma topada, a palavra
mais suave que ela fala é ‘merda’. Ele “precisa” saber que ela nunca chamou um
nome feio, fora ‘Ermengarda’, que era o nome de uma antiga babá. Mas o que elas
mais escondem é o verdadeiro temperamento da cria, que é apresentada como “uma
moça suave, paciente, que adora crianças, tem o maior respeito pelos pais, e é
a bondade materializada”.
Mas toda mãe sofre. Começa a sofrer
quando percebe, pela primeira vez, que seu rebento mentiu. É talvez a primeira
crise séria da maternidade. A decepção a faz chorar ou, no mínimo, ficar
preocupadíssima. Com quem ele teria aprendido a mentir? Certamente são as más
companhias, os coleguinhas do jardim de infância, aqueles ‘viciados’ em
goma-de-mascar. “Aqui em casa é que não foi!” – afirmam categóricas. “Eu sempre
ensinei que devemos dizer a verdade!”. O pior de tudo é que elas acreditam no que dizem. Longe de mim
afirmar que ‘todas’ as mães são mentirosas. Melhor dizendo, que são as únicas a mentir. Os papais também são
danadinhos. Não vou falar sobre eles porque estou falando sobre as mamães. Este
espaço é todo dedicado a elas.
As mães são tão sábias que, antes mesmo
do fim da adolescência da menina, logo começa um trabalho de pesquisa sobre os
rapazes. Elas querem ‘conduzir’ a filha para um bom casamento - aquele que garante um futuro financeiramente
tranqüilo, mesmo com a separação que possivelmente ocorrerá algum tempo depois,
por que... Sei lá por que, mas é assim que tudo acontece, nas melhores
famílias. Dou razão para elas. Mãe sabe das coisas.
Com os filhos homens, a atitude é outra.
Elas detestam quando alguma ‘sirigaita’ se assanha para o inocente rapaz.
Afinal, ele foi educado para ser
um ‘galinha’, e não para casar com uma. Elas sabem quando soltar, e quando puxar a corda. Acho que todas têm um
pouco de inveja das mães muçulmanas. Estas, juntamente com os familiares,
escolhem quem casa com quem. Existe felicidade maior? Não para uma autêntica
mãe. Só se ela (a mãe) for made in
Paraguay.
Nenhum comentário:
Postar um comentário