segunda-feira, maio 07, 2012

A EX


     A PESQUISA

    Outro dia fiquei pensando porque a ex se chama ex. Para ter certeza, procurei um dicionário para entender o significado da, digamos, palavra. Encontrei várias definições que não explicaram coisa alguma. Logo percebi um motivo para a ex se chamar ex. Como na ‘não’ explicação do dicionário, ex pode ser definida como alguém ininteligível. Havia coerência na ‘não explicação’, pois, para início de conversa, ‘a ex’ é uma mulher.

   Decidi fazer uma pesquisa de campo, fiz perguntas aos amigos que tinham ex. Constatei que cada ex é única, sendo definida por cada entrevistado de maneira bem diferente dos outros entrevistados. Minha tarefa ia ser mais complicada do que imaginei a princípio. Muitos, no meu lugar, desistiriam. Eu persisti. Tinha que encontrar a definição que ‘encaixasse’ em todas elas Nada.

   Não sou homem de renunciar fácil. Já que nem o dicionário conseguia explicar o que é uma ex, procurei nos escaninhos das minhas lembranças. Comecei pelas minhas ex. Uma coisa eu logo vi: não posso dizer “minhas ex”, pois todas já eram de outros. Há mulheres que encaram ser ex como uma profissão. Uma vocação.

   Mudei então, mais uma vez, minha técnica de pesquisa. Falei com homens considerados sábios, experientes, vividos. Não ouvi uma só resposta igual à outra. E foi o único assunto que os fez gaguejarem. Comecei a me sentir inseguro quanto ao resultado da minha busca. Acabei sendo recompensado ao descobrir algo que não estava na pesquisa: eu não sou único. Sou muitos. Ao falar com amigas das minhas ‘ex-ex-minhas’, comecei a ter dúvidas sobre quem eu era. Cada ex me descrevia com uma personalidade diferente. Para umas, eu fui ‘bonzinho’. Para outras não passei de um maníaco sexual. Por umas fui odiado. Para algumas, fui o melhor que lhes aconteceu. Nem Freud iria entender. Mas aprendi mais uma coisa: mulher não pode escrever biografia; elas são muito passionais e, portanto, incapazes de dizer coisa com coisa. Para elas, só existe a verdade delas. Ponto.

   Sobre o resultado da minha ‘investigação’, uma coisa ficou clara: existem dois tipos de ex: a que não teve filhos seus e, é óbvio, a que teve. Da primeira você pode até ficar livre um dia. Já da segunda, será quase impossível.  Conclusão: Uma ex é uma ex, ou seja, aquela que sabe tudo sobre sua pessoa e sobre quem você nada sabe. Quase nada.

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