As datas comemorativas são em tal quantidade que ninguém sabe quais são. Para o comércio, elas estão perdendo força. Está na hora de 'marquetar' o dia dos amantes.
DIA DOS AMANTES
Não tenho a menor preocupação de ter sido,
muito provavelmente, o milésimo idiota a pensar e escrever sobre a inexistência
desse dia. Falta do que fazer? Talvez, dependendo do que significa, para você,
“fazer”.
O comércio se ressente de uma data, digamos,
mais apimentada, mais motivadora, mais real. Eu sei, já temos muitas datas que
sugerem presentes e comemorações. Mas o comércio está vendendo cada vez menos,
e as pessoas traindo cada vez mais. Ninguém pode se queixar de falta de
amantes. Há falta de motivação, como tento explicar abaixo. Têm gente perdendo
influência, reputação.
MÃES: Seu prestígio é decadente. Pensadores
argumentam, com muita propriedade, que elas não são tão boazinhas como se
pensava. Aliás, psicólogos e psiquiatras, esses intrometidos, já chegaram à
mesma conclusão.
PAIS: Sempre foram considerados produtos de
segunda linha. Historicamente, serviam para dar dinheiro aos filhos. Mas pai
não tem seios, não dá de mamar. Pais sabem dizer não, dizendo apenas ‘não’. Não
dá voltas e não enrola, como as mães. Em época de grana curta, são os primeiros
a terem seus nomes ‘cortados’ da lista de presentes.
NAMORADOS: Hoje em dia essa palavra não
significa muito. É como noiva de artista ou jogador de futebol. Essa palavra
está em aberto, quase em desuso. Nem quem namora sabe dizer o que é namorar.
Desde o advento do “ficante”, aquele que fica sem estar, nunca mais se namorou
como antigamente.
NATAL: Muita gente, acredite, nem sabe o que
é. Nessa data festeja-se o nascimento do Deus dos cristãos. O problema, que
persiste até os dias atuais, é que não se sabe quando foi – exatamente – que
Ele nasceu. Mas um Papa decidiu que seria 25 de dezembro... E foi. Mas... Peraí! Deus nasceu ou sempre existiu?
A falta de esclarecimentos sobre o assunto, criou a ‘classe’ dos Ateus. Um Ateu
é o cara que não cai em conversa fiada. Ainda assim, o natal representa a
melhor data para os comerciantes. Ficamos combinados que natal é quando damos
presentes para quem gostamos. Ou não!
CRIANÇA: Esse é um dia forte. Já foi mais
robusto, no tempo em que se tinha mais filhos. Mas criança também não é como se
pensava antigamente. Hoje sabemos que crianças podem ser boas ou más. Nascem
assim. Nada há que se possa fazer. Infelizmente são maioria – falo das más.
Eu poderia falar sobre centenas de datas
comemorativas de alguma coisa. A bem da verdade, existem, mas ninguém liga. Não
damos mais presentes como antes.
Voltando ao assunto ‘título’ deste texto,
poderia haver o ‘dia dos amantes’. Um amante deveria significar uma pessoa que
ama. Ama outra, bem entendido. Sem essa de ser amante da natureza, das artes,
essas coisas. Atualmente, o amante não precisa amar. Basta sentir ‘tesão’ e ser
correspondido. O que sela a relação é a introdução de um membro rijo no espaço
de um “membro ausente”, ou inexistente. Uma simples ocupação de um espaço
vazio. Quando isso ocorre, temos dois amantes. Então, por execução do ato,
amante não pode ser amante sozinho – tem que ter um cúmplice. Como Batman e
Robin, Sansão e Dalila. Ou o Papa César Borgia e sua filha Lucrécia.
Percebeu? Se você ainda não teve amante, vai
ter. Se já teve, vai continuar tendo. Se tem mais de um(a), está apenas
deixando a vida levá-lo(a). Com paixão ou só tesão. No primeiro caso você corre
riscos. Quando é somente tesão, quase sempre o lucro é seu. Ser e ter amante
exerce um fascínio sobre todos os humanos. Mesmo que todo mundo tenha pelo
menos um, é como se você estivesse fazendo algo errado, escondido. É muito
gostoso!
Compreendo que não ‘pegaria’ bem existir
o dia dos amantes. Amante é uma palavra forte, estigmatizada injustamente. Mas
somos um povo muito criativo, podemos ‘dar um jeito’. Que tal substituir amante
por “Dia do amor impossível”? Ou “Dia de gostar”? Que tal “Dia do prazer”? Não
cabe a mim decidir o que é melhor para cada um. Eu não preciso de subterfúgios.
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