terça-feira, agosto 27, 2013

DIA DOS AMANTES

Amar é sempre perigoso. Se você quer curtir, numa boa, vai precisar correr alguns riscos.
 
 
   DIA DOS AMANTES
 
   Não tenho a menor preocupação de ter sido, muito provavelmente, o milésimo idiota a pensar e escrever sobre a inexistência desse dia. Falta do que fazer? Talvez, dependendo do que significa, para você, “fazer”.
   O comércio se ressente de uma data, digamos, mais apimentada, mais motivadora, mais real. Eu sei, já temos muitas datas que sugerem presentes e comemorações. Mas o comércio está vendendo cada vez menos, e as pessoas traindo cada vez mais. Ninguém pode se queixar de falta de amantes. Há falta de motivação, como tento explicar abaixo. Têm gente perdendo influência, reputação.
 
   MÃES: Seu prestígio é decadente. Pensadores argumentam, com muita propriedade, que elas não são tão boazinhas como se pensava. Aliás, psicólogos e psiquiatras, esses intrometidos, já chegaram à mesma conclusão.
 
   PAIS: Sempre foram considerados produtos de segunda linha. Historicamente, serviam para dar dinheiro aos filhos. Mas pai não tem seios, não dá de mamar. Pais sabem dizer não, dizendo apenas ‘não’. Não dá voltas e não enrola, como as mães. Em época de grana curta, são os primeiros a terem seus nomes ‘cortados’ da lista de presentes.
 
   NAMORADOS: Hoje em dia essa palavra não significa muito. É como noiva de artista ou jogador de futebol. Essa palavra está em aberto, quase em desuso. Nem quem namora sabe dizer o que é namorar. Desde o advento do “ficante”, aquele que fica sem estar, nunca mais se namorou como antigamente.
 
   NATAL: Muita gente, acredite, nem sabe o que é. Nessa data festeja-se o nascimento do Deus dos cristãos. O problema, que persiste até os dias atuais, é que não se sabe quando foi – exatamente – que Ele nasceu. Mas um Papa decidiu que seria 25 de dezembro... E foi.  Mas... Peraí! Deus nasceu ou sempre existiu? A falta de esclarecimentos sobre o assunto, criou a ‘classe’ dos Ateus. Um Ateu é o cara que não cai em conversa fiada. Ainda assim, o natal representa a melhor data para os comerciantes. Ficamos combinados que natal é quando damos presentes para quem gostamos. Ou não!
 
   CRIANÇA: Esse é um dia forte. Já foi mais robusto, no tempo em que se tinha mais filhos. Mas criança também não é como se pensava antigamente. Hoje sabemos que crianças podem ser boas ou más. Nascem assim. Nada há que se possa fazer. Infelizmente são maioria – falo das más.
 
   Eu poderia falar sobre centenas de datas comemorativas de alguma coisa. A bem da verdade, existem, mas ninguém liga. Não damos mais presentes como antes.
 
   Voltando ao assunto ‘título’ deste texto, poderia haver o ‘dia dos amantes’. Um amante deveria significar uma pessoa que ama. Ama outra, bem entendido. Sem essa de ser amante da natureza, das artes, essas coisas. Atualmente, o amante não precisa amar. Basta sentir ‘tesão’ e ser correspondido. O que sela a relação é a introdução de um membro rijo no espaço de um “membro ausente”, ou inexistente. Uma simples ocupação de um espaço vazio. Quando isso ocorre, temos dois amantes. Então, por execução do ato, amante não pode ser amante sozinho – tem que ter um cúmplice. Como Batman e Robin, Sansão e Dalila. Ou o Papa César Bórgia e sua filha Lucrécia.  
 
   Percebeu? Se você ainda não teve amante, vai ter. Se já teve, vai continuar tendo. Se tem mais de um(a), está apenas deixando a vida levá-lo(a). Com paixão ou só tesão. No primeiro caso você corre riscos. Quando é somente tesão, quase sempre o lucro é seu. Ser e ter amante exerce um fascínio sobre todos os humanos. Mesmo que todo mundo tenha pelo menos um, é como se você estivesse fazendo algo errado, escondido. É muito gostoso!
 
   Eu compreendo que não ‘pegaria’ bem existir o dia dos amantes. Amante é uma palavra forte, estigmatizada injustamente. Mas somos um povo muito criativo, podemos ‘dar um jeito’. Que tal substituir amante por “Dia do amor impossível”? Ou “Dia de gostar”? Que tal “Dia do prazer”? Não cabe a mim decidir o que é melhor para cada um. Eu não preciso de subterfúgios.
 
Para algumas pessoas, tudo é motivo para comemorar. Mas não é preciso exagerar!
 

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