Geralmente lemos coisas que já foram ditas com outras palavras, mas Nelson Rodrigues disse o que se lê ao lado, uma ideia revolucionária sobre cultura e conhecimento. Não li nada parecido dito por quem quer que seja. E vai contra tudo que aprendemos sobre como ser cultos.
O ESCRITOR É UM INTELECTUAL?
O dicionário não deixa muito claro o que é
ser um intelectual. Pelo menos não como entendemos o que seja. Vejamos: “Pessoa
que tem gosto predominante ou inclinação pelas coisas do espírito, da
inteligência”. Em outras palavras, ‘intelectual é o sujeito que pensa’, que tem
ideias inovadoras e uma visão diferente dos não intelectualizados.
Acho que os dicionários deveriam ser mais
exatos. Muitas vezes nos obrigam a pesquisar várias palavras para entender o
significado de apenas uma. O fato é que quando falamos que alguém é
intelectual, estamos querendo dizer que essa pessoa é culta, que possui muitos
conhecimentos.
Ainda assim, é muito vago. Estreitando mais
um pouco, o mais comum é considerarmos que seja uma pessoa que conhece
profundamente literatura e artes. Ainda é vago. Ninguém conhece tudo sobre
tudo. Seria impossível. Assim, simplificamos e usamos expressões como “artistas
e intelectuais”, equivocadamente, como se fossem palavras interdependentes. Não
são.
Um artista não é necessariamente um
intelectual, e vice-versa.
É quando nos perguntamos qual dos dois é mais
importante na hierarquia cultural: o que sabe de tudo um pouco, ou o que sabe
muito sobre um só assunto. Quem escreve é um pensador, que precisa tirar
conclusões próprias sobre o mundo em que vivemos.
Nelson Rodrigues e Millôr Fernandes, na minha
opinião, foram gênios do pensamento. Eles possuíam ideias parecidas sobre
muitas coisas e situações. Nelson foi bastante estigmatizado quando em vida, e,
mesmo já sendo reconhecido por muitos, ainda lhe pesam apelidos como “Anjo
Pornográfico”, amoral e passível de censura. Não escreveu para os do seu tempo,
mas para o futuro.
Há muitos tipos de escritores; alguns falam
do passado, outros do presente, e alguns preferem ser visionários, prevendo o
que ainda há de vir – como o francês Júlio Verne, nascido no início do século
19. Ele costumava dizer que “Tudo o que um homem pode imaginar, outros homens
poderão fazer”.
Assim, concluo afirmando que um intelectual
não precisa ler os clássicos da literatura; basta-lhe saber o resumo do seu
pensamento. Não existe, portanto, o intelectual completo, total; o que há são
pessoas que sabem mais sobre determinado assunto, e que dedicam seu pensamento
a eles.
O trabalho do escritor é observar tudo e
todos à sua volta, para poder ter novas ideias e fazer críticas. O bom uso das
palavras é fundamental. Um bom argumento pode transformar o mundo.
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