domingo, julho 27, 2014

ESCREVER É PENSAR


Geralmente lemos coisas que já foram ditas com outras palavras, mas Nelson Rodrigues disse o que se lê ao lado, uma ideia revolucionária sobre cultura e conhecimento. Não li nada parecido dito por quem quer que seja. E vai contra tudo que aprendemos sobre como ser cultos. 


  
  O ESCRITOR É UM INTELECTUAL?

  O dicionário não deixa muito claro o que é ser um intelectual. Pelo menos não como entendemos o que seja. Vejamos: “Pessoa que tem gosto predominante ou inclinação pelas coisas do espírito, da inteligência”. Em outras palavras, ‘intelectual é o sujeito que pensa’, que tem ideias inovadoras e uma visão diferente dos não intelectualizados.

  Acho que os dicionários deveriam ser mais exatos. Muitas vezes nos obrigam a pesquisar várias palavras para entender o significado de apenas uma. O fato é que quando falamos que alguém é intelectual, estamos querendo dizer que essa pessoa é culta, que possui muitos conhecimentos.
  Ainda assim, é muito vago. Estreitando mais um pouco, o mais comum é considerarmos que seja uma pessoa que conhece profundamente literatura e artes. Ainda é vago. Ninguém conhece tudo sobre tudo. Seria impossível. Assim, simplificamos e usamos expressões como “artistas e intelectuais”, equivocadamente, como se fossem palavras interdependentes. Não são.
  Um artista não é necessariamente um intelectual, e vice-versa.

  É quando nos perguntamos qual dos dois é mais importante na hierarquia cultural: o que sabe de tudo um pouco, ou o que sabe muito sobre um só assunto. Quem escreve é um pensador, que precisa tirar conclusões próprias sobre o mundo em que vivemos.

  Nelson Rodrigues e Millôr Fernandes, na minha opinião, foram gênios do pensamento. Eles possuíam ideias parecidas sobre muitas coisas e situações. Nelson foi bastante estigmatizado quando em vida, e, mesmo já sendo reconhecido por muitos, ainda lhe pesam apelidos como “Anjo Pornográfico”, amoral e passível de censura. Não escreveu para os do seu tempo, mas para o futuro.

  Há muitos tipos de escritores; alguns falam do passado, outros do presente, e alguns preferem ser visionários, prevendo o que ainda há de vir – como o francês Júlio Verne, nascido no início do século 19. Ele costumava dizer que “Tudo o que um homem pode imaginar, outros homens poderão fazer”.

  Assim, concluo afirmando que um intelectual não precisa ler os clássicos da literatura; basta-lhe saber o resumo do seu pensamento. Não existe, portanto, o intelectual completo, total; o que há são pessoas que sabem mais sobre determinado assunto, e que dedicam seu pensamento a eles.
  O trabalho do escritor é observar tudo e todos à sua volta, para poder ter novas ideias e fazer críticas. O bom uso das palavras é fundamental. Um bom argumento pode transformar o mundo.  

      

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