quinta-feira, julho 03, 2014

EROTISMO E MORALIDADE

São duas fotos da mesma mulher, Jane Fonda, uma das mais respeitáveis e reverenciadas damas do cinema. À esquerda, ela praticava, ainda novinha, o swing, com seu marido, o diretor Roger Vadim.

 
   FANTASIAS INCONFESSÁVEIS 
 
  Os seres humanos são os mesmos de sempre, em qualquer lugar. O que muda são as regras da moralidade, que variam conforme a região do planeta, e a evolução dos costumes.
  Ouso afirmar que toda espécie de regra moral obedece, sempre, aos interesses de uma elite dominante, que prospera financeiramente às suas custas. Essa moral cruel e amarrada pretende controlar os desejos das pessoas – coisa impossível.
 
  Avançar e inovar são as ordens que recebemos do nosso cérebro, sobre o qual nosso poder nem é tão grande. A busca pelo prazer maior é constante, e anda lado a lado com a permissividade, que nos obriga a enfrentar o dilema de saber ‘o que é certo e o que é errado’. Dizem que quem decide é a nossa consciência, que nada mais é do que a opção que fazemos por um ou outro – o certo e o errado. Quando o desejo é maior do que qualquer regra, tornamo-nos infratores; sentimo-nos culpados.
 
  Lembro que quando era adolescente – há mais de 50 anos, satisfazia-me com uma foto de mulher, que escondia a bunda e a vagina. Aos 13 anos, um calendário farmacêutico do “Neuratol”, com 12 mulheres nuas. Anunciavam assim o produto: “Neuratol, dá aos velhos o vigor da juventude, e aos moços a incomparável alegria de viver”. Devido à época, a propaganda não prosperou. A moral de então falou mais alto. Era uma espécie de sugestão intuitiva do que veríamos hoje, com o nome de Viagra e outros produtos, largamente anunciados na mídia.
 
  A igreja sempre optou pelo “sem graça”, e uma simples masturbação era um pecado mortal; se você morresse com um pecado assim, iria para o inferno por toda a eternidade. Foram tempos em que um garoto de 13 anos tinha que renegar o amadurecimento do próprio corpo, tal a estupidez do clero.
  Mas os homens continuam presos – muito menos, é óbvio, à velha moral, que tanto orgulha os idiotas e pesa sobre os ombros dos normais. Creio que a discussão mais adequada hoje seria sobre a privacidade do que fazemos. Como disse o pensador Nelson Rodrigues, “se as pessoas soubessem o que cada um faz entre quatro paredes, ninguém mais cumprimentaria alguém”.
 
  Conheci um praticante do swing, que falou nunca ter sentido prazer tão intenso quanto ver, ao vivo, sua namorada fazer sexo com outro homem. Mas, para atingir esse alto grau de sexualidade, é preciso evoluir aos poucos. É um processo lento e começa, como tudo, nas fantasias inconfessáveis de cada um. E quem não tem fantasias inconfessáveis?    

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