sábado, março 23, 2013

ENTRELINHAS

Ele poderia dizer, cheio de razão e moral : " Há quanto tempo você não dá as caras neste hospital, seu FDP?"


   ENTRELINHAS
   Todos já ouvimos falar das famosas ‘entrelinhas’, excessivamente usadas nos meios diplomáticos, políticos, empresariais e até em nossa vida pessoal. Comunicar algo utilizando entrelinhas significa o mesmo que dizer sem dizer, falar ou escrever uma coisa pensando em outra, dar recados indiretos que são diretos – onde pelo menos o alvo vai entender a mensagem. Entrelinhas também é ameaçar sem ameaçar, dar ‘vagas’ esperanças a quem ouve com o objetivo de manter o aliado por mais tempo.
   Está bem explicado, mas, se você não entendeu, não merece ser meu leitor. O difícil é detectar todas as entrelinhas num texto falado ou escrito. A sutileza vai depender de quem manda o recado. Nossa presidente, por exemplo, conhece muito pouco sobre o assunto. Talvez seja a razão de ela ser, geralmente, sutil como uma jamanta.
   A primeira necessidade para entender entrelinhas é saber ler bem e interpretar textos. Mas não pense que um semianalfabeto não sabe usar esse truque. Todas as pessoas sabem. O que varia, como eu disse, é a sutileza na construção da frase. O cuidado para não ser explícito demais é necessário para que o ‘recado’ seja dado sem ferir suscetibilidades. É aí que entra o complemento da sutileza das entrelinhas: a ambiguidade.
   O jornalista Jorge Bastos Moreno é um grande intérprete dessa linguagem ambígua. Em sua coluna costuma desnudar as intenções desses recados dados por políticos. Ou seja, ousado, ele joga no ventilador. Ainda bem.
   Infelizmente, não conheço nenhum curso que ensine como identificar entrelinhas. Somente o conhecimento, alguma cultura e a experiência são capazes de forjar bons entendedores.

 

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