'Isso' aí na foto será homem ou mulher? Não dá para saber. E a 'coisa' ainda diz que não fez nada. Fez sim: nasceu. Não devia. O personagem da foto é só um exemplo. Há coisas muito piores. A feiúra agride os olhos.
BELEZA
Afirmar a beleza de alguém ou de algo é o
mesmo que tentar mostrar a origem do universo. Beleza, ao contrário de feiura,
não existe. Cada pessoa – não me pergunte por que – enxerga beleza em coisas
que só ela vê. Explicando melhor: nossos sentidos têm preferências; eles veem a
beleza não apenas como alguns contornos físicos, mas com uma emoção que leva em
conta inúmeras variáveis: o timbre da voz, a sensualidade dos gestos, um
determinado trejeito, um simples sorriso, a simpatia, a maneira de andar e
sentar, e uma infinidade de outros fatores que chamam nossa atenção.
Na música e nas artes temos exemplos: o
cantor Michel Teló tornou-se rico e conhecido com a música “Ai, se eu te pego”
– que o Capeta acha horrível e de mau gosto. Há quem prefira um nu pintado por
Oscar Palácios a um Picasso. Qual o motivo de eu preferir Portinari à Di Cavalcanti?
Não sei.
Já a feiura, essa incomoda e não atrai. Mas
até mesmo ela, quando acompanhada de alguma fortuna, torna-se palatável. É que
o dinheiro é um adorno irresistível à maioria. Pobre feio só casa com feia
pobre. Conheço homens que apreciam peitões, falsos ou verdadeiros, enquanto
outros preferem peitinhos naturais. Acho tenebrosas essas bundas enormes que
estão na moda, mas há quem goste. Ninguém ousaria explicar o porquê dessas
preferências.
Outros fenômenos nos deixam confusos: quem
nunca detestou a aparência de uma roupa ou um automóvel, vistos pela primeira
vez, e depois, de tanto ver, passou a achar lindo? Serão a publicidade e a
exposição maciça capazes de mudar nossas preferências? Serão!
Outro aspecto interessante da atração é o desejo
que temos do que pertence ao nosso próximo. Estamos felizes com nosso veículo –
apenas enquanto o do nosso vizinho for inferior. Há casos em que até a
curiosidade nos leva a querer algo que nunca nos atrairia.
Resumo da ópera: beleza para todos os gostos
não existe. Cada um vê a beleza em coisas que, as vezes, somente ele vê. Já a
feiura, bem, essa, quando não dá para retocar, melhor virar freira ou padre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário