terça-feira, março 26, 2013

BELEZA E FEIÚRA

'Isso' aí na foto será homem ou mulher? Não dá para saber. E a 'coisa' ainda diz que não fez nada. Fez sim: nasceu. Não devia. O personagem da foto é só um exemplo. Há coisas muito piores. A feiúra agride os olhos.




   BELEZA

 
   Afirmar a beleza de alguém ou de algo é o mesmo que tentar mostrar a origem do universo. Beleza, ao contrário de feiura, não existe. Cada pessoa – não me pergunte por que – enxerga beleza em coisas que só ela vê. Explicando melhor: nossos sentidos têm preferências; eles veem a beleza não apenas como alguns contornos físicos, mas com uma emoção que leva em conta inúmeras variáveis: o timbre da voz, a sensualidade dos gestos, um determinado trejeito, um simples sorriso, a simpatia, a maneira de andar e sentar, e uma infinidade de outros fatores que chamam nossa atenção.
   Na música e nas artes temos exemplos: o cantor Michel Teló tornou-se rico e conhecido com a música “Ai, se eu te pego” – que o Capeta acha horrível e de mau gosto. Há quem prefira um nu pintado por Oscar Palácios a um Picasso. Qual o motivo de eu preferir Portinari à Di Cavalcanti? Não sei.  
   Já a feiura, essa incomoda e não atrai. Mas até mesmo ela, quando acompanhada de alguma fortuna, torna-se palatável. É que o dinheiro é um adorno irresistível à maioria. Pobre feio só casa com feia pobre. Conheço homens que apreciam peitões, falsos ou verdadeiros, enquanto outros preferem peitinhos naturais. Acho tenebrosas essas bundas enormes que estão na moda, mas há quem goste. Ninguém ousaria explicar o porquê dessas preferências.
   Outros fenômenos nos deixam confusos: quem nunca detestou a aparência de uma roupa ou um automóvel, vistos pela primeira vez, e depois, de tanto ver, passou a achar lindo? Serão a publicidade e a exposição maciça capazes de mudar nossas preferências? Serão!
   Outro aspecto interessante da atração é o desejo que temos do que pertence ao nosso próximo. Estamos felizes com nosso veículo – apenas enquanto o do nosso vizinho for inferior. Há casos em que até a curiosidade nos leva a querer algo que nunca nos atrairia.
   Resumo da ópera: beleza para todos os gostos não existe. Cada um vê a beleza em coisas que, as vezes, somente ele vê. Já a feiura, bem, essa, quando não dá para retocar, melhor virar freira ou padre.

  

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