SEMPRE ESTAMOS ATRASADOS
Já disse muitas vezes e volto a repetir
que “na literatura não há mais nada a dizer que ainda não tenha sido dito”. O
mesmo quanto à filosofia. É que o ser humano não muda, continua sendo o mau
caráter que sempre foi. A diferença é que os idiomas vão empobrecendo e as
coisas passam a ser escritas com mais, digamos, modernidade.
Nas palavras de Nelson Rodrigues, “Se todo
mundo conhecesse a vida íntima de todo mundo, ninguém cumprimentaria ninguém”.
Somos o que somos, e qualquer comportamento melhor é apenas questão de
conveniência. O próprio amor não é amor, já que depende da utilidade que o
parceiro vai ter para nossos planos. O problema? Nós planejamos mal. Por
impulso e com precipitação. Somos péssimos analistas do amanhã.
O Capeta jamais seria um bom repórter.
Narrar sem opinar é, para mim, uma incongruência, uma inconveniência. Prefiro
ser reconhecido pelos meus poucos leitores como um comentarista do
comportamento. Gosto de mostrar as coisas como são, e não como deveriam ser.
Todas as mães querem ver suas filhas casadas, mesmo sabendo que todo casamento
é frustrante. Nosso pensamento muda quando o nosso status é alterado, seja por
adquirirmos conhecimento ou por ganharmos ou perdermos dinheiro. Cada etapa da
vida traz mudanças significativas, que pouco ou nada têm a ver com caráter.
Elas apenas nos fazem refletir sobre o que deixou de ser bom, e o que deixou de
ser ruim.
A grande dificuldade deste século é que as
coisas acontecem muito depressa. Não temos tempo para refletir e nosso cérebro
é lento demais. Nada evolui de forma parelha. Um exemplo é a nossa vida sexual,
que se tornou permissiva antes que nosso senso moral estivesse preparado para a
mudança.
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