VOCÊ PENSA QUE SABE HISTÓRIA?
A história, qualquer história, tem vários
lados. Quem pensa que tem apenas dois lados não sabe de nada. Você pode
presenciar um fato e pensar que viu sem ter realmente visto; narrar o que acha
que viu dando uma conotação mais, digamos, emocionante; historiadores gostam de
interpretar intenções (eles não têm esse poder) que acabam virando verdades no
imaginário dos leitores; há também verdades (?) que viraram verdades porque
você simpatizou com a ideia; outras, porque você quis acreditar nelas.
Dizer que David derrotou o gigante Golias
é um exemplo da história mal contada. Provavelmente David tinha 1,5 metro e
Golias 1,80. Mas, sabe como é, o tempo foi passando e o Golias cresceu. Teve tempo para isso, em dois mil anos. Não
sei quando o homem percebeu que, para um fato ser guardado na memória,
precisava ser narrado com emoção. A partir daí, as coisas mudaram. A
‘exagerologia’ tomou assento e nunca mais levantou.
Gosto de história. Quando estudante era em
história que minhas notas sobressaiam. Sempre fiquei impressionado com os
feitos de alguns personagens, inclusive Nero – o imperador romano que apreciava
as artes e dizem ter mandado incendiar Roma, além de matar a própria mãe. Bem,
matar a mãe dos outros não era nenhuma vantagem, todos os reis e ditadores o
fizeram. Talvez por isso eu o admirasse tanto. Matar a própria mãe não é para
qualquer um. Precisa ter estômago. Mãe é a criatura satânica que procura ter um
domínio eterno sobre cada um de nós, e diabolicamente nos convence de que tudo
o que faz é por amor. Papo furado.
Outro personagem que admiro é o Henrique
VIII, o rei inglês que tirava do caminho quem o atrapalhasse. Esse virou meu
herói por ter se livrado do Vaticano. Deu uma banana pro Papa e adaptou a
religião católica ao seu gosto e suas necessidades. No fundo, qualquer religião
só serve para que possamos justificar as incoerências humanas como sendo ‘a
vontade de Deus’. Tá certo, ele mandou matar duas de suas mulheres, mas quem
entre nós nunca teve vontade de matar a nossa? A culpa não era do pobre
Henrique, era da religião, que exigia o casamento entre pessoas que gostavam de
fornicar, e inventaram isso de ‘filho ilegítimo’.
Não posso esquecer o Adolfo Hitler. Esse,
mais contemporâneo, é inesquecível. Ele não gostava de judeus, mas quem é que
gosta? Aliás, a pergunta correta seria: Quando os judeus foram um povo querido?
A história, nem ela se lembra de alguma época em que os judeus não foram
perseguidos ou simplesmente odiados. Mas
o Adolfo foi um monstro. A única coisa que admiro nele foi a capacidade de
perceber que o povo alemão aprovaria qualquer ato que beneficiasse a Alemanha,
levou todos no ‘bico’, e fez o que fez. Do nada, chegou a ser o homem mais
poderoso do mundo. Alguns estudiosos afirmam que Hitler deixou herdeiros na
Espanha, na Argentina, na Itália, e em alguns outros países. Até no Brasil e,
claro, na própria Alemanha.
Winston Churchill. Para quem não se
recorda, foi o gorducho inglês que fumava charutos, era corno e gostava de
cornear os outros. Esse senhor foi outro que saiu da 2ª guerra com a fama de
herói, mesmo sem ter pisado num só campo de batalha. Foi para o Exterior, ficou
no bem-bom, e, mesmo no tempo em que as comunicações eram dificílimas, ganhou
fama por ter levado a Inglaterra à vitória. Levou como? A resposta é fácil:
Levou no bico. Outra qualidade maravilhosa do Winston é que ele era um grande
frasista, quase no nível do saudoso Millôr Fernandes.
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