domingo, fevereiro 24, 2013

NEM VEM QUE NÃO TEM

Essa foi a única vez em que um homem usou de sinceridade para com sua mulher.
Nem assim ela acreditou.
 
 
     REFLEXÕES SOBRE A SINCERIDADE
 
     Todos os homens a reclamam, mas ninguém a pratica. Só quando é conveniente, para beneficiar os próprios interesses. E não poderia ser diferente. A começar pelo casamento, uma sociedade que deveria ser limitada, mas que o (bom ou mal?) uso transformou em sociedade anônima. Sobra apenas a mentira para salvar as uniões. Ou você é dessas que chega a casa e conta para o seu marido que acabou de transar com o melhor amigo dele? Exagero meu? Se você pensa assim, é porque não sabe para que servem os amigos. Ou amigas.
 
     Por falar neles (nos amigos), duvido que você lhes diga, sinceramente, o que pensa sobre eles, sobre sua família, sobre o seu caráter – entenda sempre que trata-se deles. A amizade não duraria trinta segundos após o término de sua sincera avaliação. Não vamos desconsiderar que a recíproca é verdadeira. Vargas Vila, o grande escritor e filósofo tão pouco conhecido, escreveu em um dos seus livros: “A independência isola, a verdade contraria, a coragem espanta. Todo homem corajoso, sincero e independente tem contra si a liga dos servis”.
 
     Millôr Fernandes, com suas sábias palavras, nos mostra o motivo de mentirmos tanto. “Quando se mostra que nada é o que parece, o mundo vem abaixo. Moral: só a hipocrisia garante a tranquilidade social”. Quando você se casa por interesse financeiro, nunca poderá ser sincero. Na verdade, você só deve acreditar na metade do que vê, e em nada do que ouve. A mentira é a grande arma da sobrevivência.
 
     A única chance do ser humano ser verdadeiro sempre é perdendo o dom da fala. A linguagem é uma fonte de mal entendidos. A maior delas.
 


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