Essa figura ao lado é uma pequena amostra do que fomos e do que estamos nos tornando. É a decadência dos homens.
ENTENDENDO A HUMANIDADE
Mesmo não tendo a pretensão de entender a
humanidade, o livre exercício do pensamento é um direito que insisto em
utilizar. Não descobri a pólvora, mas posso tirar minhas conclusões sobre
qualquer assunto. O Mundo vive em constantes mudanças, moderadas ou radicais. O
motivo desse fenômeno é um só: viemos para cá com um defeito de fabricação, que
podemos resumir numa palavra – a ‘insatisfação’.
Se estamos cansados de ter pudor, viramos
despudorados; se fazer um café do jeito que sempre fizemos fica monótono,
inventamos máquinas para realizar a tarefa; até o sexo, que deveria ser uma
prática simples e fácil (já que fazemos desde que passamos a habitar a terra),
vira uma complicação, com especialistas ensinando novas técnicas e mudando
tudo.
Se você ainda tem dúvida, explique porque uma
novidade deixa de ser prazerosa quando deixa de ser novidade. Temos uma
necessidade de novas emoções, que se instala em nós de forma quase imperceptível,
e gera mudanças de hábitos e costumes. Uma novidade, por mais idiota que seja,
é uma novidade – e nos atrai. O ser humano é tão insatisfeito, que se todos
tivessem um automóvel Mercedes e só um tivesse um velho fusca, este é que faria
sucesso e chamaria atenção. Não é à toa que estão querendo comprar a “lata
velha” do presidente Mujica, do Uruguai, por um milhão de dólares. O nome do
nosso problema é a “insatisfação”.
Temos necessidade de ser diferentes, para
melhor ou para pior. Então, como nunca estamos satisfeitos, temos que tentar
mudar, fazer coisas novas, ser admirados pelo próximo. Pior, queremos ser
considerados melhores que nossos amigos e vizinhos. E é exatamente essa
necessidade que nos impulsiona em direção ao crime.
Apesar de parecermos evoluídos, na verdade
somos apenas tecnologicamente evoluídos. Mentalmente, somos lentos como nos
mostra o pensamento através da história. Uma ideia nova leva muito tempo para
se consolidar – isso depois de muita luta e confusão. As religiões, todas, são
um exemplo. Falamos da ofensa que os muçulmanos consideraram a charge sobre
Maomé, mas esquecemos que a igreja católica impediu, não faz muito tempo, que a
estátua do Cristo redentor desfilasse numa escola de samba, como se isso fosse
uma ofensa. Não era. Era apenas uma celebração.
Minha conclusão é: ainda levaremos milhões de
anos para evoluir como raça. Somos piores que os bichos que consideramos
selvagens. Eles agem com maior coerência. São a vitória do instinto sobre o
raciocínio.
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