terça-feira, outubro 14, 2014

VALE À PENA VIVER?


À esquerda, o cirurgião Ivo Pitanguy exibindo o único defeito que encontrei nele: a barriga acentuada. Mas acho que ele já cuidou disso. 


  UM HOMEM DE SORTE

  Ivo Pitanguy vai lançar o livro “Vale à pena Viver”. Bem, para ele, aos 91 anos, deve ter sido uma extraordinária experiência maravilhosa, mas não é o que ocorre com a maioria das pessoas. Sei que é verdade a afirmação de que, sempre, nosso futuro vai depender, em parte, do que fazemos no presente, e que o presente é efeito do passado. Pitanguy talvez seja a única pessoa de quem nunca ouvi alguém falar mal. Não que ele seja perfeito; todos temos um lado negativo, que muitas vezes não conseguimos controlar; ele teve sorte ao decidir qual estrada seguir, em várias ocasiões.
 
  Uma coisa, entretanto, me intriga; por quê agimos erradamente, se sabemos que teremos que enfrentar as consequências? A única resposta que encontro é que tudo é questão de sorte; mesmo as decisões pensadas; qualquer decisão que tomamos reflete uma interpretação que nosso cérebro faz, chamada experiência. Só que nossa mente, como eu já constatei, é preguiçosa, e pega atalhos para trabalhar menos. Pensar significa analisar todas as possíveis variáveis e suas consequências, e posso garantir que é uma tarefa demorada e cansativa.

  Ao falar sobre cérebro, gostaria de lembrar que temos um DNA herdado, nem sempre apenas dos nossos pais, mas de antepassados que nem conhecemos. Esse “patrimônio” que recebemos pode ter sido misturado de maneira errada quando estamos em formação – antes de nascermos. Nossa ‘construção’ depende de sorte. É o que explica que crianças más sejam más desde crianças; nesses casos, a maldade acompanha o raciocínio que se altera conforme crescemos. Peço perdão aos médicos pela explicação simplista de assunto tão complexo. Mas é como entendo que a coisa ocorre. Faz sentido para você?

  Ivo é uma unanimidade internacional, mas tenho que dar razão à um dos meus filósofos preferidos, o autor Nélson Rodrigues, quando ele afirma que “toda unanimidade é burra”. Eu acrescentaria “ou cega”. A arte de viver bem é quando tudo concorre para o sucesso, principalmente o bom senso – quando o temos. Poucas pessoas são assim, mas eu as invejo. Sempre fui mais emocional do que racional, mas isso está mudando, talvez pela idade. Qualquer decisão tomada sob forte emoção quase sempre dá errado.


  Estudos indicam que cirurgiões têm uma tendência à psicopatia. Acredito nisso. Tem que ser muito frio o sujeito que está sendo operado e vê suas tripas pularem para fora, e raciocinar em qual posição deve pôr seu corpo para evitar o pior. Pitanguy parece muito calmo, calmo demais. Não estou insinuando que ele seja um psicopata, mas acredito que ele tem as qualificações para ser.  

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